Mercado do Bolhão

01 junho 2008

O Mercado do Bolhão é um dos mercados mais emblemáticos da cidade do Porto, em Portugal, classificado como imóvel de interesse público em 22 de Fevereiro de 2006.

A construção caracteriza-se pela sua monumentalidade, própria da arquitectura neoclássica. Os vendedores no mercado distribuem-se por dois pisos. Existem quatro entradas principais a diferentes cotas: a entrada sul dá acesso ao piso térreo, as entradas laterais a um patamar intermédio de escadas que ligam ambos os pisos, e finalmente, a entrada pela Rua de Fernandes Tomás, que dá acesso directo ao piso superior.

O Mercado do Bolhão é vocacionado sobretudo para produtos frescos, sobretudo alimentares. Os vendedores estão divididos em diferentes secções especializadas, designadamente: zona de peixarias, talhos, hortícolas e florais.

O Mercado do Bolhão situa-se na freguesia de Santo Ildefonso, delimitado a norte pela Rua de Fernandes Tomás, a sul pela Rua Formosa, a este e oeste pelas ruas Alexandre Braga e Sá da Bandeira, respectivamente. Integrada na Baixa do Porto, a zona de que o mercado é expoente é conhecida por ser uma área de lojas tradicionais dedicadas a produtos alimentares. Para além do Mercado do Bolhão, situam-se ao seu redor mercearias finas, tais como a "Casa Chinesa", a "Casa Transmontana" e a "Pérola do Bolhão".

História

A existência do mercado remonta a 1839, quando a Câmara Municipal do Porto pretendeu concentrar, neste local, todos os mercados existentes na cidade. Inicialmente estava ladeado apenas por um gradeamento em ferro[2]. O actual edifício foi inaugurado em 1914, substituindo o anterior mercado existente no local. A obra foi conduzida pelo arquitecto António Correia da Silva por decisão da primeira vereação republicana da Câmara portuense, presidida por Elísio de Melo.

O edifício do Mercado do Bolhão encontra-se hoje severamente degradado, tendo sido proposta a sua reabilitação e lançado um concurso público para a sua gestão por privados. Todo este processo foi alvo de uma forte contestação.

Reabilitação

Processo desde 1992

A Câmara Municipal do Porto recorreu, na década de 1990, a um concurso público internacional, nomeando para júri de concurso, o IPPAR, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e o arquitecto Álvaro Siza Vieira. As bases do concurso tinham o seguinte fundamento: Manter o carácter geral do edifício, no que respeitava à salvaguarda dos aspectos formais e funcionais, à manutenção do Mercado Tradicional, ao acrescentar novas funções a espaços perdidos.

O projecto vencedor, do arquitecto Joaquim Massena, foi aprovado por "unanimidade com distinção e Louvor" (citado no Processo Concurso 1992 Mercado do Bolhão- C.M Porto, exposto no Orfeão do Porto) Contemplava a manutenção de todo o edifício numa perspectiva Patrimonial, nos seus aspectos funcionais e compositivos. O comércio tradicional é mantido, dotando de novas infra-estruturas para a comercialização de frescos. São ainda equacionadas áreas Museológicas e Auditórios, reforçando no Mercado diferentes horários de funcionamento.

Em 1994, com a articulação do sistema da Metro Ligeiro do Porto com a estação de Metro do Mercado do Bolhão, a C.M.Porto, decide avançar com a Reabilitação do Mercado, fazendo nesse mesmo ano, a adjudicação à equipa liderada pelo arquitecto Joaquim Massena, o projecto de execução, para a Reabilitação do Mercado do Bolhão.

O arquitecto Joaquim Massena, instalou um gabinete de apoio, no interior do Mercado do Bolhão, com o objectivo de fazer um levantamento exaustivo sobre o uso do edifício e o seu estado físico, bem como levar a conhecer os trabalhos realizados pela a equipa, aos Comerciantes e à Cidade.

Em 1997, foi pedida a Classificação do Mercado do Bolhão, enquanto edifício Patrimonial. Foi aprovado a classificação pelo edital de 10/97 da C.M.Porto, confirmada pelo IPPAR (actual IGESPAR).

Em 1998, o projecto de execução da Cidade, foi acompanhado por todos os Organismos de Tutela, incluindo a C.M.Porto, e IPPAR (Instituto do Património Arquitectónico e Arqueológico- actual IGESPAR). O projecto de execução foi aprovado por todos os Organismos de Tutela, em 1998.


Processo - em 2007

Em 2007, a Câmara do Porto decidiu abrir um novo concurso público de concepção/construção. O concurso admitiu a entrega do Mercado do Bolhão para exploração a privados, durante 70 anos. A empresa imobiliária vencedora, TramCroNe - Promoção e Projectos Imobiliários, S.A., anunciou que o seu projecto prevê a demolição de todo o interior do Mercado do Bolhão, deixando apenas a fachada, e contempla a construção de habitações de luxo e de um centro comercial, deixando apenas cerca de 3% da área total para o comércio tradicional.

Estas declarações provocaram uma série de movimentos cívicos, levantando diversas questões sociais e culturais, prometendo impedir que se faça a demolição do Mercado do Bolhão.

Várias associações e movimentos, assim como cidadãos individuais do Porto, uniram-se na tentativa de impedir a sua concessão a privados e respectiva demolição, sensibilizando para sua urgente reabilitação. Entre as acções desenvolvidas inclui-se uma petição com mais de 50.000 assinaturas, entregue na Assembleia da República, uma acção judicial, várias iniciativas de mobilização junto ao Mercado e à Câmara, tertúlias e acções de esclarecimento e o Cordão Cultural do Bolhão, grande evento cultural em torno do mercado que contou com a participação de vários artistas solidários com a causa.


Fonte: wikipedia.org